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10 Curiosidades Surpreendentes Sobre o Willys Interlagos: O Primeiro Esportivo Brasileiro

  • Foto do escritor: Edu Santos
    Edu Santos
  • 13 de ago.
  • 4 min de leitura
Willys Interlagos no Salão do Automóvel em 1961
Willys Interlagos , Salão do Automóvel , 1961

O universo dos carros antigos brasileiros é repleto de histórias fascinantes, mas poucas são tão emblemáticas quanto a do Willys Interlagos. Fabricado entre 1962 e 1966, o Willys Interlagos não foi apenas o primeiro esportivo produzido em série no Brasil, mas também um marco na nossa indústria automotiva que carrega histórias surpreendentes.


Neste artigo, compartilho dez curiosidades fascinantes sobre este ícone nacional que poucos conhecem, mesmo entre os aficionados por automóveis antigos.


1. Um Francês Vestido de Brasileiro


O Willys Interlagos, um ícone nacional, na verdade era a versão brasileira do carro francês Alpine A108. A Willys-Overland do Brasil obteve a licença para produzi-lo e o batizou em homenagem ao autódromo de São Paulo.

Anos depois, a Alpine foi comprada pela Renault, a mesma empresa que fornecia os motores para o Interlagos. Essa história dá ao carro um DNA internacional, mas com uma personalidade tipicamente brasileira.

Alpine 108
Alpine 108

2. A Fábrica Secreta no Brás


O Willys Interlagos era produzido artesanalmente em uma fábrica à parte, no bairro do Brás, em São Paulo, e depois em Santo Amaro. Essa produção quase manual, que o diferenciava da linha de montagem dos outros veículos da Willys, explica seu preço elevado e as pequenas variações entre as unidades, tão valorizadas pelos colecionadores.

plaqueta Willys
plaqueta Willys

3. O Pioneirismo da Fibra de Vidro


O Interlagos foi o primeiro carro de produção em série no Brasil com carroceria de fibra de vidro. Essa escolha, na época, foi uma solução prática que eliminou a necessidade de prensas caras para moldar chapas de aço, o que tornou a produção em pequena escala viável.

O sucesso do Interlagos abriu caminho para uma geração de esportivos nacionais que seguiram seu exemplo, como o Puma, o Miura e o Santa Matilde, que também usaram a fibra de vidro em suas carrocerias.


4. O Motor Francês que Virou Brasileiro


O motor do Interlagos, de origem Renault, foi adaptado para as condições brasileiras. Com cilindradas que variavam de 845 cm³ a 998 cm³ e potência de 40 a 70 cavalos, o pequeno motor conseguia alcançar a velocidade de 160 km/h graças a preparadores brasileiros.

Além disso, o propulsor serviu como laboratório para desenvolvimentos aplicados posteriormente no Renault Gordini, mostrando uma via de mão dupla de transferência de tecnologia entre os carros.


5. O Berço de Campeões


O Willys Interlagos foi um carro fundamental para a formação de grandes nomes do automobilismo brasileiro, como Emerson e Wilson Fittipaldi e José Carlos Pace, que começaram suas carreiras pilotando o modelo.

A equipe oficial da Willys era chefiada por Christian Heins, que morreu tragicamente pilotando um Alpine, o "primo" francês do Interlagos, nas 24 Horas de Le Mans. Após sua morte, Luiz Antonio Grecco assumiu a equipe e se tornou uma lenda do esporte nacional. A conexão entre o Interlagos e o automobilismo brasileiro é um capítulo essencial na história de como o país formou seus primeiros campeões internacionais.

Bird Clemente e Willys Interlagos
Bird Clemente e Willys Interlagos

6. As Três Faces do Interlagos


O Willys Interlagos foi produzido em três versões: Berlineta, Cupê e Conversível.

A Berlineta era a mais próxima do modelo original Alpine. Já o Cupê, hoje o mais raro, tinha uma traseira mais definida. O Conversível foi um dos primeiros esportivos sem teto fixo fabricados no Brasil e era mais pesado devido aos reforços estruturais. As diferenças de dirigibilidade e performance de cada versão fazem com que os colecionadores tenham suas preferências.

Willys Interlagos, Conversível, Cupê e Berlineta
Willys Interlagos, Conversível, Cupê e Berlineta

7. O Concorrente Improvável


Apesar de serem de categorias diferentes, o principal concorrente do Willys Interlagos no Brasil era o Volkswagen Karmann-Ghia. O Interlagos era um esportivo puro-sangue e o Karmann-Ghia era um cupê elegante derivado do Fusca, mas a pouca variedade de opções no mercado da época colocava os dois carros em disputa.

O Interlagos custava muito mais que o Karmann-Ghia, chegando a ser quase o dobro do preço de um Renault Dauphine. Essa exclusividade explica o baixo volume de produção e o status que o carro proporcionava aos seus proprietários.


8. O Legado do Bino


Uma das histórias mais fascinantes do Interlagos é o seu papel no desenvolvimento dos protótipos de competição "Bino", criados pela equipe da Willys.

O Bino Mark I, projetado por Toni Bianco, era um Interlagos modificado para as pistas, que conquistou o 1º e 2º lugares nas Mil Milhas de 1967 em Interlagos, superando carros como o Porsche 911 e o Alfa Romeo GTA.

O sucesso levou à criação do Bino Mark II, um protótipo mais radical, com cabine aberta e um motor mais potente. O DNA do Interlagos, portanto, sobreviveu além da sua produção e influenciou diretamente o desenvolvimento de carros de corrida nacionais que continuaram a fazer história no automobilismo brasileiro.

Bino Mk I e Mk II
Bino Mk I e Mk II

9. A Produção Limitada e Misteriosa


Oficialmente, 822 unidades do Willys Interlagos foram produzidas entre 1962 e 1966. No entanto, o número exato é incerto, já que a produção era quase artesanal, com variações entre os carros.

A raridade, combinada com a baixa taxa de sobrevivência, faz do Interlagos um dos veículos mais cobiçados para certificação de Placa Preta. Estima-se que existam menos de 100 unidades hoje, e o valor pode passar de R$ 300.000 para exemplares em ótimo estado.


10. O Renascimento Internacional


O Willys Interlagos teve um tipo de "renascimento" internacional décadas após o fim de sua produção. O modelo, que já havia sido fabricado sob licença no México e na Espanha durante os anos 1960, inspirou projetos contemporâneos.

Na Itália, a tradicional Carrozzeria Maggiora desenvolveu um projeto de recriação moderna do Alpine A108/Interlagos, buscando capturar a essência do design clássico com tecnologia contemporânea. Embora o projeto italiano se inspirasse no design original francês, ele indiretamente prestava homenagem ao Interlagos brasileiro.

Esse interesse internacional demonstra como o design atemporal do Interlagos continua relevante, transcendendo fronteiras e gerações, e é um reconhecimento adicional da importância histórica do nosso primeiro esportivo nacional.

Willys AW 380 Berlinetta
Willys AW 380 Berlinetta

Conclusão: Um Tesouro Nacional para Preservar


O Willys Interlagos é muito mais que um carro esportivo; é um capítulo fundamental da história automotiva brasileira.


E você, conhecia todas estas curiosidades sobre o primeiro esportivo brasileiro? Compartilhe suas histórias e experiências com o Willys Interlagos nos comentários!

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